Azul

o reencontro com uma alma que existe dentro de um corpo etéro desprovido de lógica

27 maio 2005

A Mulher de Preto

Mirei pela janela a folhagem verde das árvores que crescem lá fora e que reflectem a luz do sol. Descobri, no meio dos milhares de folhas entrelaçadas um pássaro negro e luzidio de bico amarelo torrado a bicar os ramos da árvore que insiste em crescer.
Ouço a música que ecoa nos meus ouvidos e relembro toda a prosa e todo o exercício de introspecção e de reconhecimento de espaços, de pessoas e de situações vividas, de flores e de objectos com significado especial.
Surge no meio do nada uma mulher. Com traços característicos, veste-se de preto e encerra em si uma história triste e de muitos obstáculos, uma história amarga e vivida com muito sofrimento. É uma mulher de parcas palavras e de raros sorrisos. Sobreviveu a um infindável número de dores e ultrapassou-se a si mesma quando percebeu que a vida não iria ser aquilo que havia idealizado.
Estranhamente, aquele ser paradoxalmente de semblante escuro e luminoso, revelou-me um segredo e mostrou-me que existia qualquer coisa de comum entre nós.
Ainda que hajam poucas memórias, recordo-a com saudade. É uma saudade velada, protegida por uma série de lençóis.
Julgava eu que estes lençóis estavam bem limpos, perfumados e arrumados numa cómoda antiga, de madeira resistente às intempéries, encerada por fadas minúsculas e bonitas que, por onde passam, deixam um rasto de estrelas luminosas e douradas.

qualquer coisa impossível fez-me acreditar!

A semana tem sido caótica. O meu cérebro dá voltas e voltas à procura de uma resposta para aquilo que para mim não é nada lógico. Seria fácil se tudo se resumisse à lógica da infância, mas o que é facto é que nem a infância nem propriamente a adolescência são o meu presente ou sequer a minha busca.
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar que esta seria uma fase fácil e bonita de atravessar, mas ao invés disso é cada vez mais negra, cada vez mais incerta, cada vez mais difícil de entender e de superar.
Quando era uma menina de colo era exactamente disso que gostava. De colo. Agora que cresci, continuo a gostar de colo. Mas com aquele ser divino que me dava beijinhos e me animava, me fazia perceber que era importante brincar, deixou de ser possível. E é isso que dói. A mudança, que de repente leva à dor provocada pela rejeição que na realidade nem sequer existe. Sinto-me cansada de pensar em soluções que não entendo. Continuo a querer tudo para ontem e como nada disso é possível acabo por me sentir uma terrível revoltada, uma constante frustrada.
E o que será de mim daqui pr'á frente?
Tanta coisa a que gostaria de dar resposta e não consigo...
Porquê?!
Estou cansada...
A música ecoa nos meus ouvidos e nada me parece lógico. Aliás, acho que nem eu sou lógica, vá-se lá saber porquê.
Não me serve de nada continuar a verter lágrimas, apesar de serem elas fundamentais para a minha validação pessoal, mas não vale de todo a pena. É escusado.
Queria continuar a acreditar no impossível, mas é cada vez mais impossivel!
Queria continuar a acreditar nos meus sonhos, mas é tão difícil...

18 maio 2005

Quero ser cor-de-rosa!!!

Ontem, depois de ter passado por cidades desertas, por cidades repletas de gente, por ter sido louca e por ter sido 'certinha', concluí que o melhor que a fazer na conjugação de tudo é ser cor-de-rosa.
Numa sociedade onde a loucura impera velada por detrás de seres que se mascaram para serem aceites, existem aqueles que enfrentam a realidade e a transformam naquilo que lhes parece mais lógico.
Ainda assim, na minha pequenez, concluo que o melhor é mesmo adicionar um pouco das duas coisas e ser aquilo que somos. As frases de ontem eram: 'quero que me aceitem tal como sou!' e 'esta semana quero ser cor-de-rosa'.
Teoricamente, serei capaz de o ser, na prática... não sei!
Mesmo assim... quero ser cor-de-rosa!
Já que é ele que tem estado escondido na minha alma e, de certa forma, promove o meu bem-estar de quando em vez, tal como ontem quando visitei a minha menina de azul.
Deitada numa cama, estava numa frequência cor-de-rosa, repleta de energia, vivacidade e vontade de expressar o que lhe ia no mais profundo das suas entranhas. Apesar das dificuldades e de todos os obstáculos pelos quais ainda vai ter que passar, está bem. E isso... fez-me muitíssimo bem.
Afinal, sou capaz!
Afinal, sou capaz de ser cor-de-rosa!

16 maio 2005

Mais um dia que passa...

Mais um dia que passa, embora não tenha ainda terminado! Tem sido um dia estranho, sem dúvida, mas há que continuar a olhar para o céu, mesmo que com nuvens e com alguns aguaceiros de quando em vez.
O telefone mal tocou, mas isso até foi positivo.
As mensagens também não foram uma constante, o que também foi bastante positivo.
O que me preocupa é o dia de amanhã, que irá contar com a minha 1ª visita domiciliária enquanto técnica de serviço social.
De certa forma, isso deixa-me apreensiva, até porque vou fazê-la sozinha. Dá arrepios pensar que vou encontrar uma das minhas meninas completamente dependente de tudo e de todos, mas com certeza com um enorme sorriso, daqueles repletos de bondade e de carinho pelos outros.
Sei lá...
Qualquer coisa há-de ser positiva. Nem que seja exactamente esse sorriso!

14 maio 2005

O Azul é uma cor primária e espiritual. Simboliza a verdade, inspiração, sabedoria, poder oculto, protecção, compreensão, fidelidade, harmonia doméstica e paciência!

Aquilo que eu mesma busco e que alguém disse que me caracterizava.
Sim, porque o azul é a cor que está sempre presente em mim, de uma forma ou de outra e é por isso que tudo faz sentido e coloca vários pontos de interrogação em neurónios cujas sinapses apenas funcionam quando a razão não está ao rubro.
Quando é a emoção que se faz sentir nas palavras que se proferem, há sempre um misticismo, acompanhado de dor, de nostalgia e de um misto de sensações que não se coadunam com a realidade, que vivem permanentemente numa fantasia sufocada e desmedida.

Yesterday

Ontem foi de vez!!!

Parece que de repente tudo voltou à normalidade. Porquê?! Porque sim.


01 maio 2005

Quem sou eu?

Ontem não faltavam palavras, nem lágrimas, nem risos, nem desespero. Faltou-me o encontro! O tal que ainda vai demorar. Não sei por onde caminho, não sei por onde devo ir, nem que atitude devo tomar. "só sei que nada sei", já dizia o filósofo. E isso é uma completa frustração. Os lençóis velhos que julgava arrumados continuam a velar aquilo que eu pensava arrumado. Afinal, levanto-os e encontro apenas o caus, a confusão calada e a entrar em decomposição. Precisava de encontrar soluções, mas as minhas soluções não são meras matemáticas. Continuo a estender tapetes vermelhos áquilo que não me é favorável. Continuo a cometer erros, sem perceber que os cometo. Que raio de vida! Afinal de contas o mundo é todo igual, é todo confuso e está todo em busca do mesmo. Mas porquê?! Mais um ponto a resolver. É a puta da idade do armário que não desiste de mim! Ou talvez seja eu que não desisto dela e insisto em manter-me fechada nela... não quero! Não quero mais! E continuo sem perceber por onde ir ou por onde começar a desconstruir. É como se tivesse um muro à minha volta que não me deixa eliminar aquilo que esta erradamente cimentado. Não dá mais! Preciso partir tijolo e desbravar terreno. Está tudo errado e tudo a fugir-me ao controlo. Assim não pode ser. Tenho de encontrar a minha paz. Afinal quem sou eu?..