Azul

o reencontro com uma alma que existe dentro de um corpo etéro desprovido de lógica

06 novembro 2002

O vento ruge como um leão

e as sombras que outrora me desani-

mavam, enchem agora o meu espírito de

um estranho nervosismo, conjuntamente com a bravura de um mar que não transparece a sua verdadeira cor, mas aquela que demonstra o seu desânimo para com o

próprio mundo.

Esta fotografia que se me apresenta não parece ser a cores, mas a preto e branco, numa tela rugosa, mas perfeita, onde mal se consegue distinguir o mar do céu! Também o céu parece querer tombar para um quase inóspito mundo, onde reina o caus e a indiferença.

Poucas são as vozes que se ouvem, a molodia deixou de ser uma constante e a solidão saborosa, mas triste, sobrepõe-se a todo o silênci, a todas as poucas vozes . As gaivotas vão planando, tão perto da areia, tão perto do mar! Planm como que numa dança nervosa e sôfrega.

Observa-se e sente-se o fumo que brota de mãos, descritas como membros organismicos de linhas mal traçadas num destino estranhamente enriquecedor. Nada parece ser indiferente e, em simultâneo, nada parece suficientemente interessante para se tornar indispensável.

No meio do caus instalado, algumas histórias vieram à tona, outras, porém, foram definitivamente arrumadas. Com carinho, com uma certa nostalgia, até mesmo (direi) com amor. Ainda assim, triste parece o vazio que deixa erradamente encarceradas as outras histórias, as eternamente inacabadas e deixadas ao acaso, onde uma simples troca de palavras seria o importante para o terminos de um sofrimento velado por constantes e irónicos sorrisos.

As histórias, vida da nossa vida, são apenas uma tela pintada. A tela da nossa existência, vincada pelos pincéis que nos vão moldando...

A elas devemos o nosso destino, a elas devemos a forma como nos encaramos! Cabe-nos, apenas, saber dispôr da melhor forma todas

essas telas, a ponto de equilibrar o ser que transportamos neste

o etéreo, repleto de uma única essência, aquela que nos faz!