Azul

o reencontro com uma alma que existe dentro de um corpo etéro desprovido de lógica

10 novembro 2003

Um terrível cansaço apodera-se de mim, neste dia que parecia não ter fim.

Tal-qualmente o dia amanheceu nublado e sem chuva, mas o sol teimou em aparecer.

Passei na rua e as crianças da escola jogavam à bola e chutavam palavras de entendimento e de serenidade, numa calma pacata e matinal, num campo onde as gotas de chuva caídas e as folhas secas a estalar se manifestavam, como que numa constante.

As ruas e avenidas que percorro apresentam já o cheiro do Outono e das castanhas assadas, apregoadas pelo mesmo homem há anos, com o mesmo rosto abatido e a mesma voz, rouca e potente, triste e dolorosa.

Todo este calor outonal se manifesta, em mim, como um mar revoltado com o mundo! Parecem as ondas a bater nas rochas que, apesar de desprovidas de vida, a manifestam docemente.

(...)

Não consigo conceber a ideia da solidão, mas cada vez mais parece essa ser uma realidade no meu quotidiano, ainda que desprovida de qualquer sentido, de qualquer ideal, parece uma dor que se apodera dos meus mais ínfimos espaços...




«A dor não tem uma face visível , manifesta-se nas lágrimas, nos gestos, às vezes nos gemidos, às vezes revela-se nos gritos, outras vezes é aprisionada no silêncio, na solidão de uma cama.»